Hora do nada, hora sagrada,
que vazia de som, nos cria, sábia,
momentos de inspiração e refexão,
tornando possível o indizível.
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Manuela Moreira
Ecos de mim mesma ressoam,
nos arcos vivos da memória,
nas pedras imutáveis da história,
levando mil anseios contidos e sofridos,
chorando muito para além do que entoam.
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Manuela Moreira
Vazia de mim mesma, de memórias esquecidas,
colho inspiração nas palavras que leio,
noutras inspirações, noutras vidas.
E assim, sem saber como e de permeio,
algo se acende em mim, chama volátil e breve,
que aflorada ao arrepiar da pele, doce e leve,
num espasmo real acometido,
nasce em substância, ganhando forma e sentido.
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Manuela Moreira
[...]
Sem vírgulas e sem pontos finais,
fazendo mais uso das reticências,
somos, a cada vida,
uma nova tentativa,
colecionando experiências,
que sempre somam e nunca são banais.
A cada novo prefácio, somos uma nova narrativa,
uma nova versão de nós mesmos, a testar...
Infinitamente e a cada renascer, uma nova chance, ativa.
A cada chance, uma nova esperança de acertar...
Ciclo de aprendizagem permanente,
ponto após ponto, reticente!
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Manuela Moreira.
A imagem tem fama de ficar mais facilmente gravada na nossa memória do que o que lemos, por exemplo.
E pode até ser verdade.
Ando num processo de catalogação dos livros que tenho - processo lento, porque o tempo é pouco e os livros ainda são alguns.
E o que me surpreendeu, nesse processo, até agora, foi que, ao manusear livro a livro e a reproduzir as narrativas (sinopses) de cada um, para a catalogação num dispositivo eletrónico, constatei, admirada, que de pouco ou nada me recordava. Mesmo no que respeita a livros que li mais do que uma vez.
Para tentar minimizar este "problema", decidi que, talvez não seja má ideia, voltar a ler os meus livros, antes de comprar novos ou pelo menos ir equilibrando as leituras, ou passar a ler, em simultâneo, um novo, enquanto releio um dos antigos.
Vou pensar no assunto!
Em relação às imagens, reproduzidas nos filmes, sim, talvez tenham ficado na minha memória algumas, talvez as mais marcantes, de filmes igualmente marcantes, constatando-se assim a máxima de que a imagem fica mais facilmente na memória do que a palavra; escrita, pelo menos.
Separei a palavra escrita, da palavra dita, ou, neste caso, escutada, de propósito, já que tenho a experiência de que, enquanto os rostos se vão dessipando há medida que os anos vão passando, as palavras escutadas, não.
É esse o poder da palavra dita em voz alta: nunca mais nos esquecemos daquilo que nos foi dito e por quêm, sobretudo frases marcantes, que nunca mais nos abandonam.
Para o bem e para o mal...
Esse é o poder das palavras!
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Manuela Moreira
Quando o fecho do mês, tras fecho de projetos,
podem existir surpresas como as de hoje,
em que do nada, o trabalho triplica.
Não há tempo para pensar,. não se explica..
Ativa-se o foco e tenta-se extinguir várias frentes do "fogo",
antes que o cansaço se aloje
e nos tolha os movimentos.
O café ajuda a jogar o jogo,
com luta e determinação.
Mas quando o dia fenesse,
o cansaço extremo aparece.
Cansaço físico e mental,
que se abate sobre nós, como arma letal
e cedemos, por fim, vencidos pela exaustão!
Há dias assim...
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Manuela Moreira
Fotos do fotógrafo finlandês Mikko Lagerstedt