sexta-feira, 6 de maio de 2022

De Torga, com amor



 IMAGEM

Este é o poema duma macieira.

Quem quiser lê-lo,

Quem quiser vê-lo,

Venha olhá-lo daqui a tarde inteira.


Floriu assim pela primeira vez.

Deu-lhe um sol de noivado,

E toda a virgindade se desfez

Neste lirismo fecundado.


São dois braços abertos de brancura;

Mas em redor

Não há coisa mais pura,

Nem promessa maior.

                                    Vila Nova, 4 de Abril de 1936, Miguel Torga


Parar o olhar e ver
Comungando com o que nos rodeia 
de forma integrada e plena 
Já não é fácil de acontecer.
Mas conseguir transcrever esse olhar
Em palavras rimadas que contam um florescer
É preciso veia de poeta ter.

              |             
Manuela Moreira


(Homenagem, porque não devemos esquecer os nossos poetas maiores) 



1 comentário:

  1. Miguel Torga é o meu poeta preferido :)
    Tenho sempre à mão Antologia Poética.
    Ele e Eugénio de Andrade são dois amigos fieis .
    É verdade não se devia esquecer os nossos grandes poetas...mas é o mais comum.
    Bela partilha emoldurada com as suas bonitas palavras.
    Brisas doces *

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